sexta-feira, 19 de julho de 2013

Hiato

Hiatos são sílabas vocálicas de uma mesma palavra que são separadas por precisarem de dois esforços de voz para serem pronunciadas. 
Hiatos sempre foram um problema para mim no momento de separação de sílabas. Nem sempre eu conseguia entender o "dois esforços de voz" e acabava errando a questão.
Até hoje fico na dúvida e não hesito em procurar no dicionário - ou no google.
Parece até meio clichê, mas os hiatos no português não são meu únicos problema com "separações".
Hiatos de vida, de momentos, de relações, de clima, de mistério, de amor, de surpresa. Hiatos de coisas que não deveriam ser separadas de mim. Mas foram.
O hiato é o buraco que fica. A falta do preenchimento.
Nada preenche o hiato. Ele vai estar sempre ali.
Até que alguém invente uma regra que una os hiatos e torne-os ditongos, eles sempre serão hiatos.
Hiatos vazios e sem nada. Hiatos. Apenas.
Os hiatos doem, mas os hiatos também curam.
Às vezes o melhor era que estas duas sílabas não se encontrassem mesmo. Que ficassem um pouco mais separadas. Longes. Distantes. 
O hiato não existe por nada. Ele foi estudado e ocorre por motivos de "força maior".
Apenas sinto que o hiato é mau, pois ele corta coisas e deixa vazio. Mas na verdade o hiato é o grande nada. 
Ele é o próprio vazio que o causa. Ele, por vezes, escolhe separar, mas também não lucra nada, pois ainda é vazio. Um nada.
Enfim, haverão sempre muitos hiatos em nossas vidas. Grandes. Pequenos. Médios. Invisíveis. 
Terão aqueles hiatos que tu não vê que estão ocorrendo e, quando se dá conta, já estão tão grandes que nem uma ponte pode unir o que já esteve junto.

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