sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Deixa

Deixa pra lá todas essas coisas. Aquelas também.
Deixa pra lá todas aquelas mágoas, aquelas brigas.
Deixa ali naquele canto mesmo. Depois eu jogo fora.
Deixa ali também aquelas palavras inúteis, aqueles pedidos idiotas.
Deixa tudo ali. Eu jogo tudo fora depois.
Deixa lá e vem cá.
Vem cá e deixa eu te fazer um cafuné até tu dormires.
Vem cá e deixa eu te deixar colocar o teu braço atrás do meu pescoço sem reclamar que dói.
Deixa doer, eu só não vou reclamar.
Deixa eu tirar aquele anel que incomoda nossos dedos quando queremos andar de mãos dadas.
Deixa eu te chamar na calada da noite pra ver o frio da madrugada no meu terraço ou na minha sacada.
Deixa eu te convidar para um banho de lua e de estrelas. Sem compromisso.
Deixa eu pensar que tu irás aceitar tudo isso.
Deixa eu acreditar que tu voltas.
Deixa. Não faz bem, mas deixa.
Deixa eu sonhar um pouco mais conosco. Mesmo que acordada.
Deixa eu um pouco mais sozinha. Mas não me deixa.
Ou, pelo menos, não me deixa pensar que me deixarás.
Deixa eu escrever todas essas coisas.
Deixa eu curar todas essas mágoas.
Deixa eu sonhar com tudo o que a gente não viveu.
Deixa eu fingir que vivemos e contar essas histórias inexistentes pros meus netos.
Eu deixo tu contares pros teus também, já que não serão nossos.
Deixa eu ter mais um pouco disso tudo.
Deixa, que uma hora eu paro.

E te deixo.

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