Documentário
“Why Beaty Matters?”
No
documentário de aproximadamente uma hora, “Why beauty matters?”, Roger Scruton
apresenta e enfatiza diversas características da arte clássica, com seus moldes
e padrões de beleza, enfatizados em pinturas, esculturas e critica a “nova
forma” de fazê-la, pois afirma que após Duchamp
(com o mictório representando arte e dando início aos ready mades, isto é, dizer que algo já
pronto é por si só arte) não há mais beleza na arte, pois qualquer um poderia fazer
arte com qualquer coisa. Roger aponta inúmeros argumentos e demonstra um
profundo descontentamento com a arte contemporânea que não visa a atrair pelo
belo, pela forma, mas sim pelo significado que é, na maior parte das vezes,
confuso.
Roger
circula durante o documentário por diversos lugares, mostrando o que, na
opinião dele, é arte e o que não é. O autor ressalta a beleza como valor, não
apenas subjetivo, mas sim algo aparente, saliente na obra, traz a história da
importância do belo, que surgiu na Grécia Antiga, onde se havia estereótipos e
padrões de beleza, tanto para a sociedade, como também temos hoje, quanto para
a arte, o que, segundo Roger, se perdeu, deixou de ser tão importante. O novo
valor que ele coloca como sendo principal nos dias atuais para a arte é a
originalidade da peça, pois quanto mais criativa e diferente, ela for das
outras, melhor. O estudioso também aborda em suas teses a mudança na
arquitetura dos prédios das cidades, pois, antigamente, eram feitos não apenas
para a utilização, mas também pela obra de arte que consistia todo o projeto.
Hoje os prédios são projetados desde o início para a funcionalidade e
utilidade, sem prestar atenção aos detalhes da arquitetura, no que ela pode
trazer de belo para o lugar onde se insere. Podemos lembrar facilmente das
grandes catedrais que eram feitas há vários anos, com uma arquitetura majestosa
e atenta aos detalhes, como se fosse uma enorme obra de arte; Hoje se tornam
pontos turísticos para os viajantes, pois as igrejas construídas atualmente são
grandes caixas visando comportar o maior número de pessoas. Talvez estas
arquiteturas sejam tão valorizadas nos dias atuais exatamente pela falta das
mesmas no cotidiano das pessoas, se tornam raras.
Roger
faz uma análise da arte contemporânea, por vezes, de maneira etnocêntrica, isto
é, acredita que uma cultura, no caso o eruditismo artístico, é melhor do que
outra, os ready mades e as artes fora
do contexto acadêmico. Sobre este ponto de vista de Rogers, coloco-me contra,
pois acredito que não podemos julgar épocas partindo do princípio de que o
passado é sempre melhor, romantizando-o. Acredito que há obras de arte que não
mereçam a designação arte, contudo sei que devo respeitar, pois provavelmente
agradará outras pessoas. A arte não precisa ser unânime nem seguir padrões. Ela
mudou durante os anos e continuará em constante mudança enquanto o homem for
homem, e nós nos adaptaremos a ela, gostando das obras ou não.
O
mais interessante das obras contemporâneas é que, como elas não se importam em
dar a mensagem pronta nem agradar a todos, cada um de nós pode ter uma
interpretação diferente, pode ser tocado diferentemente, ou pode até mesmo não
ser tocado, pois se a vida imita a arte e a arte imita a vida, nem tudo será
belo e perfeito, ideal, por que o mundo e a vida não são perfeitos nem ideais.
A arte erudita acaba isolando e excluindo pessoas do real significado e
propósito dela, pois nem todas estas pessoas têm repertório para entendê-las ou
criticá-las, deixando com que a arte seja vista como algo apenas de pessoas
cultas e escoladas, os ditos eruditas, rompendo com o papel social da arte, de
passar uma mensagem a um receptor. Podemos facilmente imaginar o que uma pessoa
de classe baixa ou pouco escolarizada falaria do quadro de Da Vinci, a Monalisa,
ele diria que é muito bonita, contudo não faria um aprofundamento sobre a
paisagem ao fundo do quadro, sobre o olhar distante e ao mesmo tempo profundo
da modelo pintada, não saberia abordar questões políticas, geográficas do
quadro, e isto é um problema, pois elitiza a arte, faz com que nem todos possam
desvendá-la, pois não cabe nela – na arte antiga com beleza padronizada –
interpretações mais livres. Já na arte contemporânea não é apenas o autor da
obra que participa do processo de entendimento da arte, uma parte é feita pelo
artista, e a outra, a principal, é a interpretação do interlocutor, como e o
que a pessoa capta daquela obra, fazendo com que ela possa sair dos pensamentos
padronizados e criar mais ao redor daquele estímulo.
O
que Roger não aborda é a mensagem e o propósito das obras contemporâneas, pois
ele se foca muito em criticar a nova forma de arte. Em contraponto a ele,
podemos lembrar que, na história, sempre quando surgia uma nova escola
artística a maioria, principalmente os que estudavam arte, não aprovavam e
criticavam muito o modelo, isto fica claro no vídeo, ele ainda não se adaptou a
nova maneira de ver e fazer arte, a maneira “sem maneira”, sem padrões.
Por
fim, gostaria de ressaltar que a arte é um reflexo social, ou seja, como a
sociedade, está em constante mudança e transformação. A arte não deve ser
estudada apenas objetivamente, pois perde sua essência. Ela deve ser acessível,
mesmo que isso signifique não obter aprovação unânime de uma obra, pois as
pessoas também não são iguais, não pensam iguais, não sentem igual; elas são
muito diferentes, tornando a arte um objeto de discussão, reflexo e mudança
social.
Link do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=csBzlE-PQOU